III JORNADA TEOLÓGICA: UMA REFLEXÃO SOBRE A INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ

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 Escrito por OFMConv-Noticias

Entre os dias 02, 03 e 04 de setembro, aconteceu no Instituto São Boaventura (ISB), em Brasília, a III Jornada Teológica. Voltado para os religiosos, religiosas, leigos e leigas interessados no aprofundamento da teologia, o evento é um período formativo que tem como objetivo debater sobre as principais temáticas a vida pastoral, considerando as diferentes realidades e contextos eclesiais. 

Nesta terceira edição da Jornada, as reflexões foram voltadas sobre o processo de inspiração catecumenal na Iniciação à vida cristã. Em uma abordagem feita pelo Padre Thiago Faccini, assessor da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), foi apresentada a relação entre a Catequese e a Liturgia.

Os ensinamentos orais correspondem ao querigma, a doutrina de leitura e interpretação da Palavra. Já a dimensão simbólico-ritual é a transmissão das chaves e códigos para a compreensão dos significados que constituem a identidade do grupo. Falar em catequese e liturgia, significa sair do campo puramente verbal, com explanações doutrinais e morais, para tornar-se uma catequese que fomente a participação ativa, consciente e genuína nas ações litúrgicas. Esse processo é possível ao não simplesmente explicar o sentido das celebrações, mas também formar a mente dos fiéis para a oração, a gratidão, a penitência e reconciliação, o espírito comunitário e o correto sentido da linguagem simbólica, uma vez que tudo isso é necessário para a experiência de uma autêntica vida litúrgica.

 "Sem dúvida olhando nossa catequese tradicional conseguimos avançar muito na transmissão oral da fé, porém, na dimensão simbólico-ritual ainda temos muito para crescer. Prova disso é ouvirmos de fiéis que participam semanalmente de nossas celebrações eucarísticas, sobretudo os mais jovens, dizerem: “a missa é muito chata, repetitiva e monótona”. E na maioria das vezes eu dou razão a eles. Mas onde está o problema? Sem dúvida não está nas ações simbólico-rituais, ou na estrutura celebrativa da liturgia, mas na "Iniciação à vida cristã" não acontecida" (Pe. Thiago Faccini).

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Na segunda-feira, 02, o Pe. Thiago conceituou, historicamente, a iniciação nos primeiros séculos como um modelo a ser resgatado nos dias atuais. Em seguida, ele falou sobre cinco características que devem ser superadas da catequese tradicional para que tenhamos um único processo gradativo cujo fim é se tornar um Discípulo de Jesus Cristo.

"Do itinerário da Igreja primitiva, muito ajuda a nossa reflexão na relação catequese e liturgia, a compreensão sobre o tempo da mistagogia. O termo “mistagogia”, derivado da língua grega, e pode ser traduzido como: a ação de guiar, conduzir, para dentro do mistério, ou ainda, ação pela qual o mistério nos conduz. No catecumenato da antiguidade cristã, o termo designa, sobretudo, a explicação teológica e simbólica dos ritos litúrgicos da iniciação. O tempo da mistagogia se destinava aos neófitos durante a oitava da páscoa e tinha como prática transmitir o significado dos ritos e símbolos dos sacramentos vividos na Vigília Pascal" (Pe. Thiago Faccini).

Na terça-feira, 03, a apresentação foi mais focada na Liturgia. “Será que nós refletimos sobre o Mistério da Fé que celebramos? Como que esse Mistério da nossa salvação, de Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo, se comunica a partir dos ritos e dos símbolos? Assim, fizemos um itinerário celebrativo dos ritos da iniciação cristã até chegarmos em seu ápice, os sacramentos da Vida Cristã: o Batismo, a Crisma e a Eucaristia”, explicou o padre.

Ao fim do dia, todos participaram de uma celebração que fez memória a cada um dos sacramentos citados anteriormente. A primeira delas aconteceu no coreto do ISB, onde os participantes reuniram-se ao redor da água para recordar, no sentido antropológico, o batismo. A água é o elemento cósmico que Deus utilizou para simbolizar a nossa inserção na filiação. Ao final, cada pessoa submergiu suas mãos o suficiente dentro d’água para que sentissem a presença de Cristo entrando em suas vidas.

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Em seguida, subindo as escadas para a parte superior do Instituto, os participantes recordaram a Confirmação de sua Fé, com os elementos do óleo e da luz para que assim pudessem refletir em como devem significar para a humanidade um cheiro agradável. Tal qual acontece durante a Crisma, cada um ascendeu uma vela e, posteriormente, em duplas, submergindo suas mãos no óleo abençoado, marcaram com o sinal da cruz a testa do irmão.

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Concluindo a celebração, todos reuniram-se ao redor do altar para fazer memória à Eucaristia. Nela, Jesus escolher fazer-se presente plenamente na fração do pão, em uma refeição; porque os cristãos, quando querem partilhar algo enquanto fraternidade, o fazem ao redor de uma mesa.

“Recordamos essa dimensão de comensais da Eucaristia e que somos Corpo do Senhor à medida que recebemos o seu Corpo”, finalizou o Padre Thiago. Ao final, os participantes cumprimentaram-se então com um abraço e um beijo como sinal da Paz de Cristo. No último dia, o Padre Thiago tratou de uma análise sobre o “Ritual da Iniciação Cristã: conhecer para bem celebrar”.

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